Autor do livro Humanos de Negócios
- Você revelou, em outra entrevista, que “o maior desafio de escrever o Humanos de Negócios foi fazer a curadoria dos nomes representando diversidade em todos os seus aspectos”. Quais critérios usou para chegar nas 27 histórias selecionadas?
R- Acompanhava a maioria dos nomes há muito tempo e outros foram surgindo no campo de investigação. Aí, meus critérios eram em busca de consistência e solidez na trajetória. Também fiz algumas checagens com outras pessoas no caso de quem não conhecia muito bem.
2. O livro sugere que o trabalho deve acomodar angústias pessoais, ao lembrar que há indivíduos com dúvidas e inseguranças, por trás das empresas. Idealmente, fica clara a primazia do ser humano. No entanto, líderes humanizados comumente afirmam buscar um ponto de equilíbrio. Isto reflete a dificuldade de aproximar teoria e prática? O que o livro nos ensina sobre este dilema?
R- As pessoas são humanas na sua integridade. Você não pode chegar no trabalho e deixar sua alma, mente e coração para o lado de fora. Isso faz parte de quem você é. E os ambientes de trabalho precisam acomodar tudo isso. Quando mais se consegue criar um espaço natural, acolhedor, melhor é para todas e todos.
3. É razoável afirmar que a humanidade é um novo imperativo dos negócios?
R- Sim, do contrário não conseguiremos resolver os problemas que estão colocados. Precisamos diminuir as desigualdades sociais e frear a destruição ambiental. Só pessoas conectadas em uma escala humana, de mente para mente, de coração para coração, vão conseguir entender o tamanho do problema e compreender a responsabilidade que os negócios têm de melhorar o estado das coisas.
4. A adoção das tecnologias emergentes, como a IA, robótica e automação, pode favorecer a humanização nas relações de trabalho? Como?
R- Ferramentas são ferramentas. O que importa é o uso que fazemos delas. IA e robótica podem melhorar o acesso à saúde para regiões remotas do planeta, com telemedicina, por exemplo. Existem inúmeros benefícios possíveis e entendo que ética e valores devem estar na base fundamental do uso de qualquer tipo de tecnologia.
5. Hoje celebramos o Dia Internacional do Trabalho. Qual é a sua visão para o futuro do trabalho e como os “Humanos de Negócios” se encaixam nesse futuro?
R- O trabalho deve ser um espaço de realização pessoal. Acredito que ideias como renda básica universal e mesmo novas tecnologias podem e devem favorecer a emergência de um florescimento humano. Um florescimento que reconheça os dons que temos e como podemos utilizá-los da melhor maneira para criar vidas melhores, em harmonia com a natureza. Os humanos de negócios podem favorecer esta transição a partir de um lugar de consciência sobre esta necessidade e capacidade de atuação por meio de recursos e redes de contatos a serem mobilizados. O capital social precisa estar conectado com o capital natural, para além do capital financeiro.