C-level Liderança – Entrevista Luciano Ricci

Luciano deixa claro em suas respostas que o lucro indiscriminado é insustentável e afeta o planeta e a saúde mental. Ele sugere que as empresas adotem metas humanizadas e conectadas com as vidas das pessoas, migrando para modelos de trabalho colaborativos, na medida em que fecunda uma nova consciência coletiva.

Cofundador e Sócio-diretor da Vendemmia

1. De que forma o livro Humanos de Negócios, do autor Rodrigo Cunha, contribuiu para a sua compreensão e exercício de liderança?

R- O livro Humanos de Negócios traz uma nova visão do mundo empresarial através de entrevistas e exemplos de casos reais. Sai totalmente da visão acadêmica para a prática!

2. O livro sugere que o trabalho deve acomodar angústias pessoais, ao lembrar que por trás das empresas há indivíduos com dúvidas e inseguranças. Idealmente, fica clara a primazia do ser humano. No entanto, lideranças comumente afirmam buscar um ponto de equilíbrio, o que reflete a dificuldade em aproximar teoria e prática. Enquanto líder, como você atua para resolver este dilema, especialmente nas decisões mais difíceis (demissões, reestruturações etc.)?

R- Costumo dizer que uma empresa funciona como um corpo humano. Precisamos viver em harmonia e sintonia pois essa simbiose é primordial para o bom funcionamento do sistema vital. Eu nunca vi os pulmões exercerem a função do coração, e vice e versa. A natureza humana é mágica em todos os aspectos e se trouxermos esse olhar para o nosso dia a dia, podemos obter muitas respostas. Quando um órgão ou uma célula não está funcionando de forma adequada, ela compromete todo o sistema (vida) e então de forma automática são disparadas ações de correção. Numa empresa precisamos também enxergar que devemos tomar providências para manter o sistema vivo e em harmonia, mas o grande erro do atual sistema empresarial é que as ações visam somente o lucro.

3. É razoável afirmar que a humanidade é um novo imperativo dos negócios?

R- Entendo que sim! Tudo está conectado e interligado nessa teia que é a vida. Não podemos mais pensar apenas em obter lucro a qualquer custo. Sabemos que isso não está dando certo! Veja o aumento de suicídio, depressão e outras síndromes do stress. Precisamos urgente ter metas mais humanizadas nas corporações.

4. A adoção das tecnologias emergentes, como a IA, robótica e automação, pode favorecer a humanização nas relações de trabalho? Como?

R- Entendo que não! Enquanto não direcionarmos nossas visões de mundo para as pessoas e para o meio ambiente, continuaremos fadados a extinção. A IA veio para dar um salto quântico em produtividade, mas não podemos deixar de lado as relações humanas. Se o foco é aumentar produtividade em prol do dinheiro, teremos problema. Precisamos usar as evoluções tecnológicas para melhorar a vida na terra e não para causar mais degradação. Penso que precisamos criar uma IE, inteligência emocional.

5. Ontem celebramos o Dia Internacional do Trabalho. Qual é a sua visão para o futuro do trabalho e como os “Humanos de Negócios” se encaixam nesse futuro?

R- Todo o dia é dia de trabalho, mas também é dia de viver! Viver feliz! Precisamos criar modelos menos exploratórios e mais colaborativos para o planeta e para a humanidade, mas sem a elevação da consciência coletiva, isso não será possível. Ainda possuímos um padrão no nosso DNA que precisa ser reprogramado devido ao medo de escassez. Vivemos uma crise espiritual e não material! Os modelos de trabalho foram criados há séculos e não são mais eficientes no mundo atual e essa reprogramação precisa de atualização urgente, pois caso contrário criaremos uma crise mental e emocional no planeta. A visão do Humanos de Negócios é justamente trazer esse olhar mais cuidadoso para as pessoas sem deixar de lado as empresas e o lucro.

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp

Últimas notícias