A INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA NO BRASIL

A infraestrutura logística do Brasil é muito importante para a economia do país. O sistema formado por estradas, ferrovias, rotas marítimas e aéreas ajuda o Brasil a crescer internamente e a se conectar com o mundo. Esse sistema precisa ser eficiente para unir as diferentes regiões do país e para participar do comércio global. A logística brasileira tem uma dinâmica e características únicas que merecem atenção especial, tanto para resolver problemas quanto para aproveitar oportunidades.

O Plano Nacional de Logística (PNL), implementado em 2018, foi um elemento propulsor para que outros planos, como o PNL 2035, fossem desenvolvidos. Ao identificar desafios e propor soluções para melhorar a eficiência no transporte de cargas e pessoas, reduzir custos, equilibrar a matriz de transportes, tornando-a inclusive mais sustentável, o PNL se tornou uma das grandes apostas para o planejamento de longo prazo da infraestrutura de transportes no Brasil.

O governo brasileiro tem intensificado os investimentos na infraestrutura logística. Em 2023, o investimento atingiu a marca de R$ 13,74 bilhões, um aumento de 80% em relação ao ano anterior. Esse valor é o mais alto desde 2014, e inclui recursos destinados aos quatros modais. As concessões e parcerias público-privadas promovidas pelo governo têm atraído investimentos privados.

A integração multimodal é determinante para otimizar a cadeia logística no transporte de cargas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem promovido iniciativas para estimular a intermodalidade, como a criação de terminais intermodais, a simplificação dos processos de transporte e a adoção de sistemas de transporte intermodal. Ao combinar diferentes modais em uma única operação, permite explorar as vantagens de cada um, como a flexibilidade do rodoviário, a capacidade do ferroviário, a eficiência e o potencial do aquaviário e do aeroviário.

O TRANSPORTE RODOVIÁRIO

O modal rodoviário, o mais utilizado no Brasil, destaca-se no desenvolvimento econômico e social do país. Ele facilita o escoamento da produção agrícola e industrial, conecta mercados e promove a integração regional. Além disso, gera empregos diretos e indiretos, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e regionais. Representando cerca de 75% da carga transportada no país, tem flexibilidade e capilaridade que permitem o acesso a regiões mais remotas do território nacional.

Segundo o Ministério dos Transportes, a extensão total da malha rodoviária federal em 2024 corresponde a cerca de 75,8 mil km, dos quais 65,4 mil km são pavimentados. Em maio deste ano, o Índice de Condição da Manutenção (ICM), calculado mensalmente pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), bateu o recorde da melhor proporção de malha boa (70%) e menor proporção de malha péssima (12%) desde 2016. São Paulo apresentou maior índice de melhora no ICM desde 2016, quando 43% das rodovias foram consideradas boas – ICM de 93% de malha boa. Já no Espírito Santo, em maio, o indicador bom foi de 94%, bem maior que o ICM de 56% de malha boa em 2016. E no Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul se destaca, com o índice em 85% no mesmo mês, contrastando com o ICM de malha boa de 53% em 2016.

Nos últimos dois anos, o governo brasileiro e a iniciativa privada investiram bastante na melhoria das rodovias. Em 2022, foram destinados R$ 10 bilhões para a recuperação e duplicação de trechos críticos, enquanto em 2023 os investimentos aumentaram para R$ 12,5 bilhões, focando na modernização de infraestruturas e na implementação de tecnologias de monitoramento e gestão de tráfego.

Fato é que, apesar de ser uma grande potência na rede logística brasileira, o setor ainda enfrenta imensos desafios, principalmente no que diz respeito à concentração de cargas nas rodovias e à precariedade de muitas vias. Além disso, a dependência excessiva desse modal acarreta problemas como o desgaste acelerado das rodovias e o aumento dos custos logísticos devido à ineficiência e aos congestionamentos. A concentração geográfica da demanda, mais intensa nas regiões litorâneas e centros urbanos, agrava esses problemas. Nesse sentido, a CNT destaca a necessidade de maior fiscalização e controle nas rodovias, além de mais investimentos em manutenção e conservação.

O TRANSPORTE FERROVIÁRIO

A rede ferroviária brasileira é uma das maiores malhas ferroviárias do mundo. Com enorme potencial para o desenvolvimento socioeconômico do país, especialmente em capacidade de transporte, eficiência energética e menor impacto ambiental – o que a torna o modal mais sustentável, tem ainda a vantagem dos baixos custos de manutenção. Promove a integração regional e contribui para o desenvolvimento socioeconômico de áreas menos favorecidas.

Responsável por uma parcela considerável do escoamento de cargas, especialmente de commodities como minério de ferro e grãos, enfrenta desafios de manutenção e modernização. Atualmente, apenas cerca de um terço dos 29 mil km de vias férreas está em operação plena. Em movimentação de cargas, 2023 foi um ano recorde, com um aumento de 6% no volume de carga  transportada em comparação a 2022, totalizando 148,6 milhões de toneladas úteis.

Nos últimos dois anos, o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destinou mais de R$ 94 bilhões em investimentos públicos e privados para revitalizar e expandir a infraestrutura ferroviária, em prol do aumento da participação desse modal na matriz de transportes brasileira, que atualmente é de aproximadamente 30%, com a meta de atingir 47,2% até 2035. A conclusão da Ferrovia Norte-Sul e a retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) se destacam no Programa. São bilhões de reais investidos nesse modal também por meio do Programa de Investimentos em Logística (PIL), destinando R$ 86,4 bilhões para a expansão e modernização da malha ferroviária, que já foi acrescida de 7.500 km desde a sua implementação. O crescimento do setor nos últimos anos mostra como os investimentos têm aproveitado o potencial do modal ferroviário, principalmente quanto ao suporte no desenvolvimento sustentável do Brasil. Uma análise mais minuciosa, por sua vez, aponta deficiências que se tornam desafios a superar. Alguns dos entraves são a baixa densidade e a concentração na região Sudeste, a falta de integração multimodal e a necessidade de modernização da infraestrutura em aspectos sensíveis como trilhos, sinalização e controle.

CONCLUSÃO

A infraestrutura logística desempenha uma função estratégica no desenvolvimento econômico do país e apresenta um grande potencial de crescimento, mas há muitos desafios à frente.

Melhorias na integração multimodal, a busca por ações mais sustentáveis, bem como a adoção de tecnologias inovadoras, fazem avançar o cenário da logística brasileira. É necessário explorar os potenciais dos modais rodoviário e ferroviário, modernizando a sua infraestrutura logística em prol da economia do Brasil.

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